sábado, novembro 20

Olhar Frio.

não reconheço esse olhar frio. o brilho dos teus olhos já não alcança os sentimentos da minha alma.

e o que era energia viva, agora é apenas indiferença, nua e crua indiferença morta.

flagro-me relembrando as promessas do passado.

as juras eternas, as trocas de carinho, as frases que não tinham sentido algum, apenas sentimento. as músicas tocadas tal qual hinos.

hinos de amor, hinos de amizade.

o sol agora começa a se pôr. mais uma tarde vai embora e uma linda noite começa a nascer. é o ciclo da vida.

ciclo. começo meio e recomeço.

tudo chega no final para enfim recomeçar.

amanhã o sol irá se pôr novamente.

sábado, novembro 13

Rima dos Olhos.

Falam os teus olhos quando encontram os meus

falam palavras que não ouso decifrar

sorriem os teus olhos quando fitam os meus

sorriem e me deixam despida como se

estivesse de camisola, a despertar

terça-feira, novembro 9

Limpeza Geral.


Hoje resolvi organizar meu guarda-roupa.

Há muito tempo queria fazer isso, mas não tinha coragem de tirar todas as roupas de dentro, dobra-las e novamente guarda-las.

- assim como não tinha coragem de revirar as paixões guardadas no meu coração e remendar e guardar aquelas que me faziam bem –

A porta não estava totalmente fechada, pois algumas peças de roupa amassada impediam. Escancarei a porta e com rapidez e um pouco de agressividade fui retirando as peças de dentro do armário. Pouco a pouco o móvel foi ficando vazio, sem vida, nem utilidade.

- tal qual o meu coração, que depois de ter sido abarrotado por paixões avassaladoras, agora estava sem movimento, sem utilidade –

Joguei todas as roupas em cima da cama. Todas as minhas peças de roupa estavam ali, amontoadas, desorganizadas, fora do seu abrigo, desprotegidas.

- também os sentimentos que guardo em mim estão jogados na cama do esquecimento e do desprezo, amontoados, sem ordem e sem abrigo, misturam-se conforme a mão do destino (ou de qualquer outra coisa que não sei nomear) –

Então fui dobrando peça por peça com bastante cuidado, e cada uma delas me trazia alguma lembrança. Muitas me lembravam uma época de certa inocência, outras me lembravam do tempo de colégio. Blusas com manchas que nunca saíram, short’s com rasgões de alguma queda que nem lembrava mais, saias que já não me cabem, vestidos que sempre uso quando quero me sentir bonita, camisetas de caráter mais formal que sempre são usadas nas seleções de emprego, jeans novos que nunca usei, e até peças que não eram minhas.

- pouco a pouco também fui revendo minhas paixões e lembranças. Muitas da adolescência, mais puras, mais bobas, mais fracas. Mas continuavam lá. Outras já bem desgastadas pelo tempo, com buracos enormes causados pela desilusão, porém essas eram fortes por mesmo desgastadas ainda resistiam. Existiam também aqueles sentimentos bem sólidos, sem manchas, sem sinal de desgaste, intactos. Esperando o momento de despertar, servir, alegrar.

Separei todas as peças que não me serviam, separei também as que não eram minhas para devolvê-las. Coloquei-as de lado. Fui guardando as que restaram uma por uma, com bastante cuidado, cada qual no seu lugar. O trabalho foi demorado, cheio de lembranças, mas depois que vi o guarda-roupa organizado percebi todo o sentido do meu trabalho. As peças mais importantes ficaram no topo das fileiras, mais próximas do meu alcance. Já as que não serviam foram retiradas, liberando espaço no móvel para as peças novas que virão.

- e quando pude perceber o valor de cada sentimento e cada lembrança guardada no meu coração, pude organizá-los e descartar aqueles que não me faziam bem. Consegui reencontrar sentimentos que estavam perdidos e esses eram justamente aqueles mais sólidos e verdadeiros, pois mesmo perdidos, continuavam lá, firmes. E no fim restaram apenas os que realmente importavam para minha vida. Que novos sentimentos visitem meu coração, e se forem verdadeiros, que sintam-se aconchegados no meu lar que agora está limpo e renovado.

domingo, novembro 7

Meu desejo é verde.


A idéia, a vontade

a saudade, o querer

o impulso, o insulto

o medo, o não fazer

o começo, a tensão

a mão da imaginação

o resultado pensado, esperado

primeiro passo

segundo passo

ah, e o coração?!

descompassado

a chegada, aquela esperada

a chama aguardada

o fogo, a brasa

a alma calada

o vento, a terra

o tudo e o nada

a viagem sonhada

quarta-feira, novembro 3

Samba da Noite

E quando todas as luzes da casa apagarem

E todas as lágrimas do meu rosto enfim secarem

Eu vou lembrar da tua voz ecoando ao fundo:

Não chores amor pois a vida é um lago profundo.

Eu não consigo pensar no que me resta

Em minhas lembranças só restam as bebidas da festa

Os olhares que eu dedicava exclusivamente a ti

As risadas tão soltas no ar

Teu perfume em mim.

E a cada segundo que passa sem tua presença

Eu vou acreditando que a minha vida já tem uma sentença.

É pena que por ti não esperei e me confundi

E o amor que tenho por ti

Não podes tu dedicar a mim.

terça-feira, novembro 2

Malemolência.

Quando acordei do teu lado senti falta de todo o brilho que tinha nos envolvido nos nossos primeiros encontros. Eu senti que todo o encanto tinha desaparecido e agora restava apenas um vazio e talvez até arrependimento. Porém, em mim não tinha sumido. Não ainda.

O que é um beijo, se eu posso ter o teu olhar?! A música que me faz lembrar do teu rosto ainda toca com a mesma suavidade e embalo de antes. O que aconteceu menino, pra tudo mudar em questão de horas sem sentido algum?

Caminhamos por ruas desertas durante a madrugada, desejamos Bom Dia, pedimos desculpa, brigamos, choramos, sorrimos. Sem ter a noção exata da consequencia de nossos atos automáticos.. Falamos sem nos preocupar com a veracidade de nossas palavras e de nossos desejos. Nossos desejos tão nossos, mas que tantas vezes são reprimidos por conta do desejo do outro, confude-se, mas no fim todos buscam a mesma fonte de felicidade e prazer.

Comemos pão com queijo, bebemos refrigerante e proferimos frases bonitas para os que estão ao nosso redor, executamos todas essas ações com a mesma atenção, como se tivessem o mesmo sentido. Mas não tem, pelo menos eu acredito que não. Eu não posso dizer que te amo se isso não for realmente uma verdade, afinal tudo que saí da minha boca, que é proferida pela minha voz, vai mover e decidir a vida de milhões de pessoas pelo mundo afora.

Somos irmãos, somos filhos da mesma força criadora e dependentes da mesma mãe, a mãe Terra. A chuva que agora cai na terra da luz parece entender que na terra do meu coração também cai uma chuva, uma tempestade até.

A pouco eu fui tomar banho, e esse banho tomou um sentido importante e verdadeiro para o meu ser cansado de tanto pensar, conversar, e tentar conquistar um outro ser. A busca pelo amor será mesmo assim? Estamos mesmo na direção certa? Nascemos em um mundo que pede para que sejamos competidores, para que no fim nos tornemos vencedores, como se todos já nascessem em meio a uma guerra. Não consigo compreender a lógica de competir, dentro da imensidão do sentimento amor, dentro do mundo infinito dos sentimentos bons. Também sei que nunca vou conseguir encontrar a explicação para todas as minhas dúvidas, mas tenho que continuar a procurar..afinal, me ensinaram a nunca desistir. E essa força de vontade está encravada em mim, assim como as dúvidas e certezas.

O egoísmo ronda as nossas vidas. Até quando queremos nos doar para o outro, acabamos sendo egoístas. Afinal no fundo, queremos mesmo é ser amados, dar e receber amor. Seria então um egoísmo bom?! Escuto agora várias músicas, todas me lembram você. Nós tentamos sempre separar o físico, do sentimental. Impossível. Tudo encontra-se na mesma dimensão e na mesma sintonia, meu corpo pede o teu, e como se fosse mágica as músicas que estão tocando parecem ter sido escolhidas a dedo para esse momento.

Eu queria saber pôr pra fora tudo que eu tô sentindo agora, mas saco vazio não fica de pé e no fundo eu sei que tudo que tô sentindo é necessário para a minha aprendizagem, para a minha busca constante pelo auto-conhecimento.

Minhas palavras vão caminhando livremente por esse espaço em branco e nem eu sei mais porque comecei a escrever..

Acho que queria colocar pra fora um pouco da minha decepção ou até mesmo revolta, e quando paro pra pensar percebo que o mundo é muito complicado, ao ponto de sentimentos nobres como o bem querer, desencadear sentimentos pobres como a decepção.

Enquanto eu escrevo teu rosto fica se desenhando na minha mente e todas as palavras que você me disse ficam se misturando com as palavras que eu escrevo, eu não sei se você me falou verdades..ou se queria apenar se livrar de toda a minha atenção.. Eu não sei se sentes falta do meu corpo na mesma proporção que eu sinto a falta do teu..eu não sei, eu não sei..

Como ficamos longe de alguém apenas por medo de faze-la sofrer? Quem foi o primeiro ser humano que causou sofrimento em um semelhante apenas por medo de causar um sofrimento ainda maior? Não meu menino, essa tua lógica não tem lógica.

Eu preferia sofrer depois com a tua falta, com as tuas conversas bobas que quase nunca levam a lugar algum, mas que na maioria das vezes querem dizer apenas uma coisa: eu não posso te dar tudo.

Eu não quero tudo meu bem, quero você nos instantes em que nossos corpos se tremem e suam na presença um do outro. Isso eu sei que acontece, as vozes dos outros ficam mais baixas, a luz da lua mais forte, e os nossos olhares sempre fitando nossos lábios. Eu quero você nos nossos instantes, que não precisam acontecer sempre, que não tem hora pra acontecer, simplesmente acontecem.