quarta-feira, maio 26

muda, nua, crua.

ando muda, ando só.
caminho sempre com os mesmos passos.
meus pés pisam sempre no mesmo chão
o asfalto quente, o piso antiderrapante do coletivo
a calçada esburacada do campus, o chão do meu lar
ando calada, a espera do nada
muda, crua, nua
sem respostas, sem perguntas
apenas muda e nada muda
a saudade vela o meu silêncio
a saudade da compreensão, da lucidez
a saudade dela e a saudade do
vermelho vivo da aquarela
vermelho sangue que corre nas minhas
veias finas. vermelho pulsante. cortante.
porém calado. queria eu montar num cavalo alado
e gritar sem ter o que gritar.
afinal
ando muda, crua, nua
e lá fora, nada muda.

quinta-feira, maio 13

Sintonia e Destino.

sorriso que se escancara no mesmo segundo
pensamento que se constrói com a mesma idéia
e no final os dois seres se realizam no mesmo instante.
o verso que se encontra,
a música cantada no mesmo tom,
o riso solto tal qual criança feliz.
a simplicidade presente nos gestos e ações,
movimentos sincronizados e porque não dizer, movimento ensaiados?
ensaiados no nascer daquela amizade e no instante
em que os dois olhares castanhos se encontraram pela primeira vez.
ensaiados e regidos pela voz de dois grandes maestros do universo.
o destino e a sintonia.
o maestro destino foi responsável pelas notas
que soaram nos ouvidos dos dois seres,
notas essas que os levaram no mesmo caminho
para que pudessem se encontrar.
a sintonia é a mágica que envolve e aproxima
os dois seres tão novos e sonhadores.
e assim eles vão seguindo na caminhada,
se encantando a cada gesto repitido,
a cada frase pronunciada ao mesmo tempo,
a cada pensamento sincronizado,
a cada risada de graça solta pelo ar.
a sintonia que os envolve é tamanha que
parecem que estão se reconhecendo,
como se já tivessem vivido tudo aquilo antes,
assim caminham os dois.
com os desejos no coração, a paz e a humildade,
apenas desfrutando de tudo que é belo e puro
no mundo das sensações, realidades e saudades.

segunda-feira, maio 10

Os dois lados da moeda.

♪ eu digo calma alma minha, calminha, você tem muito o que aprender.

sentada no chão, ouvindo o baleiro.
me desprendendo dos sentimentos ruins.
me despedindo da tristeza e da angústia.
mas sei, que logo logo elas iram voltar.
sei que logo logo, elas viram para me pertubar.
procuro a caneta, pego o papel.
e o desespero vem junto com as lágrimas.
minha alma está dividida em vários pedaços
e eu não consigo reconstruí-la.
olho para a rua, vejo as pessoas caminhando.
alheias a tudo que as rodeiam.
sempre seguindo em frente, preocupadas apenas
com os seus problemas pessoais.
não enxergam o menino pedinte,
nem o cachorro vira-lata.
mas eu estou aqui. sentada no chão. observando.


as várias faces dos sentimentos me comovem.
os dois lados da moeda são tão diferentes.
deixei que a ilusão tomasse conta, mas do outro lado,
estava a compreensão e a amizade.
bastava ter jogado a moeda para o alto novamente
e esperar que ela caísse no lado certo.

♪ mas o tempo é um amigo precioso

aqui estou, mais uma vez vou tentar a sorte.
jogo a moeda para o alto.

domingo, maio 2

Sob Efeito.



o samba-rock invadindo o meu corpo,

esquentando o meu sangue, emaranhando os meus cabelos.

a música se fazendo vida dentro de mim e arrancando os males.

purificando. revirando.

vou escutando, devorando e ao poucos não é apenas

som, é cor, é ar, é tato, é toque, é corpo.

me vejo rodopiando, sorrindo, no ritmo da energia.

cada batida da música se confunde com as batidas

do meu coração e o meu sorriso seguido de gargalhadas parece

ser a própia música.

transcendo.

saio do estado de inércia, movo-me, sinto me viva.

estou sob efeito de uma droga universal:

a música.