domingo, julho 18

Flores murchas do Jardim.

Elas caminham com seus passos firmes,

suas pernas torneadas, suas barrigas sofridas

pelos vários partos e seus pensamentos

cercados de desejo proibido.

Desejos esses que nunca são realizados,

elas sempre querem o novo e o proibido

e sempre recebem o velho, o tipo

de sexo batido e normal.

Anseiam por gozos coletivos, por braços

fortes acariciando suas carnes flácidas,

por palavras vulgares carregadas de

tesão.

Lembram-se da adolescência não tão

distante, de poucos anos atrás.

Em que se vestiam e se pintavam para

encontrar aqueles que hoje são os seus maridos,

os donos da situação, os que escolhem a posição.

Posição, posições, desejos e situações.

Elas querem sentir o corpo se contorcer,

sentir o ápice do prazer.

As pernas tremerem com o gozo esperado,

as mãos se molharem com o suor do corpo cansado,

sim isso é o esperado.

Mas elas recebem apenas o sexo masculino

entre suas pernas no movimento de vai-e-vem,

as barrigas de seus maridos encostando em

suas barrigas e em seus seios.

O sussurrar da excitação daquele operário.

E elas esperando o pedido: fica de quatro

E elas esperando novos beijos em seus lábios.

Mas ouvem apenas o sussurrar do marido

já meio cansado : Mulher, vira ai pro lado

que eu vou dormir, tô muito cansado.

Rotina de sexo e não de prazer,

de vida sofrida e línguas em fogo.

Mulher trabalhadora, a dona de casa.

Feminilidade partida, pedindo socorro.

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