Elas caminham com seus passos firmes,
suas pernas torneadas, suas barrigas sofridas
pelos vários partos e seus pensamentos
cercados de desejo proibido.
Desejos esses que nunca são realizados,
elas sempre querem o novo e o proibido
e sempre recebem o velho, o tipo
de sexo batido e normal.
Anseiam por gozos coletivos, por braços
fortes acariciando suas carnes flácidas,
por palavras vulgares carregadas de
tesão.
Lembram-se da adolescência não tão
distante, de poucos anos atrás.
Em que se vestiam e se pintavam para
encontrar aqueles que hoje são os seus maridos,
os donos da situação, os que escolhem a posição.
Posição, posições, desejos e situações.
Elas querem sentir o corpo se contorcer,
sentir o ápice do prazer.
As pernas tremerem com o gozo esperado,
as mãos se molharem com o suor do corpo cansado,
sim isso é o esperado.
Mas elas recebem apenas o sexo masculino
entre suas pernas no movimento de vai-e-vem,
as barrigas de seus maridos encostando em
suas barrigas e em seus seios.
O sussurrar da excitação daquele operário.
E elas esperando o pedido: fica de quatro
E elas esperando novos beijos em seus lábios.
Mas ouvem apenas o sussurrar do marido
já meio cansado : Mulher, vira ai pro lado
que eu vou dormir, tô muito cansado.
Rotina de sexo e não de prazer,
de vida sofrida e línguas em fogo.
Mulher trabalhadora, a dona de casa.
Feminilidade partida, pedindo socorro.
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