domingo, julho 8
Minha senhora da pele negra.
sexta-feira, junho 22
Anônimo.
sem nome
sem dor
com braços
alcança o fundo
revira o mar inquieto
cor do arco íris
toques
leves
certeiros
são ponteiros
do meu fim
segunda-feira, maio 21
Da angústia diária. II
Tenho travado batalhas constantes.
Emergem da solidão os meus inimigos. Gigantes.
Não me suporto sozinha, perco-me ao longo dos dias
Carrego um peso no peito que não alivia
A música que escuto não afasta essa agonia
Rasgo-me em mim pedaços, jogo-me ao vento
Pairo no ar carregado de lembranças
Misturo-me na poeira com a esperança
De apenas não ser.
segunda-feira, abril 30
Da angústia diária.
quarta-feira, abril 25
Indigente.
terça-feira, agosto 30
Beija-Flor [2]
segunda-feira, agosto 15
Turista de todas as estradas.
sábado, julho 9
Beija-Flor
"eu sou um pássaro que vivo avoando, vivo avoando sem nunca mais parar"
o beija-flor reapareceu hoje na minha janela
depois de tanto ter ficado ausente
seus olhos brilhavam como antes
meu coração batia mais forte do que nunca
eu lia um livro dignamente ateu
perdia-me nas letras do evangelho de saramago
um estalo, uma luz, um som
a visão do beija-flor
belo como nos meus sonhos
fez-se homem o pássaro
fez-se rubra a minha face
queria dele tudo aquilo
que um ser apaixonado pode querer
a voz soava como canção
os gestos eram delicados
típicos de sua espécie
também eram rápidos
vivia aquilo intensamente e no íntimo desejava
uma gaiola pra prender o pássaro junto a mim
a paixão traz sempre consigo
um pouco
dos sentimentos estúpidos
egoísmo, possessão...
eu queria prender o pássaro,
desejava a gaiola enquanto o admirava
talvez por desejar muito
não percebi o tempo passar
foi-se o meu beija-flor
visitar outras flores,
ficou o meu coração.
desejando a gaiola,
alimentando a paixão.
domingo, abril 17
a boa vida
sexta-feira, abril 8
É a noite.
O poeta sabe que a noite é louca
A noite é viva, bem mais que o dia
Á noite trabalham os poetas loucos
Perambulam os cachorros magros
E os lateiros alucinados
A noite para o poeta é um berço
Que não foi feito para dormir
Uma cama pra não deitar
Mais um gole para se beber
Um baseado para se fumar
Acompanhados de uma boa música
Para se ouvir e cantar
O poeta é homem, vida e trabalho
Ser poeta foi apenas obra do acaso
Da casa do lado de parede pintada
Que não desbotou.
É a tua luz que não se apagou e eu
Relembrando teus beijos tão sem amor
É o poeta que mesmo calado inspira
Pecado e poema aos olhos do leitor
É a escrita sem sentido, sem ouvinte
Ou crítico pra vir reclamar
É a minha vontade de não se calar,
Apenas amar.