tuas perguntas soam ao meu ouvido
tal qual interrogatório policial
teus passos seguindo os meus
desviam-me de meu caminho habitual
algumas vezes perco até a direção
as mãos que antes vinham de encontro
aos meus braços, agora vão de encontro à
minha mochila surrada, à procura da
prova do crime
teu olhar que tantas vezes fitou o meu
fitava e consolava, fitava e sorria
agora apenas encara.
se meus olhos tomavam um tom avermelhado
logo tu vinhas gentil e carinhosa:
tava chorando minha menina ?
hoje o tom avermelhado de meus olhos
te causa apenas desconfiança
medo e me fala com ironia
cada vez que chego em nosso lar
tu colocas um tijolo no
muro que nos separa
quem irá derruba-lo minha velha senhora?
perco-me à procura da resposta.