terça-feira, agosto 30
Beija-Flor [2]
segunda-feira, agosto 15
Turista de todas as estradas.
sábado, julho 9
Beija-Flor
"eu sou um pássaro que vivo avoando, vivo avoando sem nunca mais parar"
o beija-flor reapareceu hoje na minha janela
depois de tanto ter ficado ausente
seus olhos brilhavam como antes
meu coração batia mais forte do que nunca
eu lia um livro dignamente ateu
perdia-me nas letras do evangelho de saramago
um estalo, uma luz, um som
a visão do beija-flor
belo como nos meus sonhos
fez-se homem o pássaro
fez-se rubra a minha face
queria dele tudo aquilo
que um ser apaixonado pode querer
a voz soava como canção
os gestos eram delicados
típicos de sua espécie
também eram rápidos
vivia aquilo intensamente e no íntimo desejava
uma gaiola pra prender o pássaro junto a mim
a paixão traz sempre consigo
um pouco
dos sentimentos estúpidos
egoísmo, possessão...
eu queria prender o pássaro,
desejava a gaiola enquanto o admirava
talvez por desejar muito
não percebi o tempo passar
foi-se o meu beija-flor
visitar outras flores,
ficou o meu coração.
desejando a gaiola,
alimentando a paixão.
domingo, abril 17
a boa vida
sexta-feira, abril 8
É a noite.
O poeta sabe que a noite é louca
A noite é viva, bem mais que o dia
Á noite trabalham os poetas loucos
Perambulam os cachorros magros
E os lateiros alucinados
A noite para o poeta é um berço
Que não foi feito para dormir
Uma cama pra não deitar
Mais um gole para se beber
Um baseado para se fumar
Acompanhados de uma boa música
Para se ouvir e cantar
O poeta é homem, vida e trabalho
Ser poeta foi apenas obra do acaso
Da casa do lado de parede pintada
Que não desbotou.
É a tua luz que não se apagou e eu
Relembrando teus beijos tão sem amor
É o poeta que mesmo calado inspira
Pecado e poema aos olhos do leitor
É a escrita sem sentido, sem ouvinte
Ou crítico pra vir reclamar
É a minha vontade de não se calar,
Apenas amar.
terça-feira, abril 5
Como ser um grande escritor
quarta-feira, março 30
Indefinido.
Paixão não é, paixão passa rápido
Paixão não espera,paixão acontece!
Amor ainda não é,amor é forte
Amor não vacila,amor nasce!
É um bem querer profundo
É um gostar vagabundo
Que cresceu devagar
É um cuidado de amigo
E um olhar perdido
Procurando se encontrar
É uma presença forte
É o meu espírito querendo transcender
É a minha alma procurando a tua
É um sentir-se enfim,completa
Uma voz que soa como canção...
Um toque sem razão,explicação...
Uma voz que me alimente,tormenta
Encanta. Embala. Encanta.
É uma extensão divina,
uma noite estrelada,
Um bem querer.
Um querer se doar.
Por inteiro e por tudo.
Bom é poder publicar poemas que falam de amores antigos..mas que foram escritos nos momentos mais importantes desses sentimentos.
sábado, março 12
Carnavália.
A festa em celebração à carne começa.
Os humanos se preparam para explodir em gozos e prazeres.
Digo os humanos, porque os animais não esperam o carnaval para se permitirem.
Nós sim, esperamos um ano inteiro. (alguns de nós! - não esqueçamos das exceções, chamados de pervertidos ao longo do ano).
Passamos o natal com a família, comportados.
Sentamos à mesa para comer, rezamos, somos todos irmãos.
Ninguém fala em sexo, drogas, orgias.
Sentamos à mesa do lado de primos e primas, aqueles mesmos que agarramos no começo da adolescência.
Mas na mesa somos quase irmãos.
Estava falando do carnaval.
Para muitos o ano só começa depois do carnaval.
É como se você esperasse chegar o carnaval para descarregar todas as energias e ai sim, passar mais um ano de submissão, até poder extrapolar de novo. Grande Merda.
Na televisão explodem imagens da grande festa, figuras bizarras dando entrevistas, pessoas dançando, bêbadas, talvez nem lembrem que passaram na televisão.
Outros aproveitam o momento da festa para fugirem de suas identidades. Deixam de ser professores, comerciantes, advogados, médicos, todos tornam-se foliões.
Na internet, meio de comunicação tido como "libertador-não-opressivo" surgem os vídeos e textos com critícias ao maior feriado nacional. Pessoas que não conseguiram livrar-se de valores morais atrasados e opressores acabam procurando outras formas de se libertar.
Tenho amigos que sabem bem a resposta para esse tipo de atitude: falta de sexo gostoso.
É óbvio que no país que vivemos, com maus governantes, pobreza e etc, problemas sociais acontecem. Principalmente se lembrarmos que vivemos sob um sistema baseado no lucro e na exploração.
Mas isso é texto manjado. A diferença é que isso não nos impede de festejar a nossa natureza. Sim, a nossa natureza. Afinal, somos carne não somos? Temos desejos que devem ser realizados.
Aliás, os primeiros que devem ser realizados. Fome, sede, vontade de gozar, vontade de se drogar.
Gozei de cinco belos dias de carnaval.
Em uma cidade que deveria ser batizada de Carnavália, pois muitas vezes eu tive a impressão de que até objetos inanimados festejavam comigo.
Era incrível ver o semblante diferente dos desconhecidos no meio da rua, as pessoas não passavam apressadas como se estivessem correndo contra o tempo. Pelo contrário, andavam percebendo os que estavam ao redor, percebendo o chão que pisavam.
E eu os observava percebendo como ficam mais bonitas as pessoas quando estão livres, como ficam mais leves quando a única obrigação é festejar e ser feliz.
Depois de tudo que eu falei você deve estar pensando que carnaval para mim se resume em sexo, drogas e música para dançar.
Não, não se resume a isso. Na verdade o carnaval se resume no que o nome já diz: festa da carne. E o que seriam os desejos da carne senão os já citados acima?! mas existem outros elementos (interligados,claro) na cidade que visitei, que vou chamar para sempre de carnavália, o carnaval era festa do povo, para o povo.
Em cada rua, ruela,beco ou avenida encontrava-se facilmente algum elemento da cultura popular local. E falo de cultura popular, a periferia, o subúrbio e a cidade cantando as mesmas músicas, músicas antigas que ainda remexiam o coração dos nativos da carnavália.
Todos sabiam as letras de cor e saltiado, mesmo que ao longo do ano deixem de lado essas músicas para ouvir a nova música que está bombando nas rádios, e voltem a andar apressadas sem perceber os que estão ao redor.
São quatro dias onde muitos se permitem, onde muitos deixam cair suas máscaras sociais, para vestir as máscaras carnavalescas.
quarta-feira, fevereiro 23
Quero que sinta.
Que sinta a fome de 3 dias sem comer,
fome daqueles que você olha, mas não vê.
Que sinta o cheiro do esgoto na rua,
esgoto com dejetos da minha barriga e da sua.
Que sinta o desprezo dos menores abandonados,
desprezo que você dedica ao irmão que está do teu lado.
Que sinta a sede dos andarilhos cansados, os mesmos
os quais você negou seus sapatos usados.
Que sinta o desespero das mães sem filhos,
filhos que você matou com sua omissão.
E então depois, se tu ainda estiver vivo,
quero que fale e grite tudo que sentiu.
e diga-me, continuas sendo a mesma pessoa?
quarta-feira, janeiro 19
Perda
hoje eu vou parar e escrever algo
vou derramar sobre o branco do papel
o vermelho das minhas angústias
o preto do meu luto
e se sobrar algum espaço
derramarei um pouco
do azul de minhas alegrias
azul como o do céu
que por várias vezes, fica cinza.
quando perdemos algo
um sentimento de impotencia
nos reveste a alma
a voz fica meio que travada
a tristeza nos é apresentada.
mais uma vez e sempre.
engulo uma dose exagerada
de uma bebida qualquer
e sinto o gosto de lágrima
que cai do meu rosto
molhando minha camisa
preta.
o alcool é necessário
nos momentos de perda
nos momentos de partida
nos momentos de prazer
nos momentos de partilha
o alcool é necessário
ou o homem que
por ser demasiado fraco
e sentimentalista
necessita do alcool
para remediar suas dores
e prolongar suas alegrias?
escuto algo que me chama atenção
uma gaita soando notas de amor
uma guitarra gritando notas de desilusão
sim, escuto um blues.
a música,o alcool, os sentimentos
a poesia.
tudo um dia se perde.
assim como esse poema.