quinta-feira, setembro 30

Tom

tuas perguntas soam ao meu ouvido

tal qual interrogatório policial

teus passos seguindo os meus

desviam-me de meu caminho habitual

algumas vezes perco até a direção

as mãos que antes vinham de encontro

aos meus braços, agora vão de encontro à

minha mochila surrada, à procura da

prova do crime

teu olhar que tantas vezes fitou o meu

fitava e consolava, fitava e sorria

agora apenas encara.

se meus olhos tomavam um tom avermelhado

logo tu vinhas gentil e carinhosa:

tava chorando minha menina ?

hoje o tom avermelhado de meus olhos

te causa apenas desconfiança

medo e me fala com ironia

cada vez que chego em nosso lar

tu colocas um tijolo no

muro que nos separa

quem irá derruba-lo minha velha senhora?

perco-me à procura da resposta.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Isso é triste, sei como se sente.
    É triste para quem é reprimido.
    É triste para quem oprime.
    Quando pais, colocamos todos os nossos desejos reprimidos nos filhos e de repente eles não são o espelho do que queríamos. Isso é estranho, triste.
    Cabe a todos tentarmos sempre ser compreensíveis.
    Falamos tanto de respeito e esquecemos da tolerância.
    Têm bibelos que quando quebram podem até ser colados, mas sempre levam a marca da cisão no seu peito.

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  3. As pessoas se deixam adestrar e querem que os outros façam os mesmos movimentos, elas não aceitam as livres maneiras de caminhar. Resista até o fim, a cultura não precede nenhuma das maneiras de ser.

    Bjus sempre!

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